Comida e afeto: Qual a relação?
A relação do homem e a realidade ou percepção de mundo é mediada por uma relação afetiva intermediada por sentidos e afetos gerados a partir da vivência de cada ser humano.
Com a alimentação não é diferente, ela é capaz de impactar diversas áreas da vida humana onde além de nutrir, tem relação afetiva, emocional, sensações, crenças e culturas dentre tantos outros aspectos descritos em nossos blogs anteriores.
O ato de comer envolve identidade e identificações e é capaz de fornecer memórias. Atualmente, um termo que vem crescendo no âmbito alimentar é o chamado comida afetiva ou Comfort food, que diz respeito a alimentos que remetem lembranças agradáveis geralmente ligadas a entes queridos como familiares ou amigos. Partindo dessa premissa, podemos dizer que o Comfort food leva o indivíduo para uma sensação de conforto e bem-estar proveniente da alimentação, enaltecendo não só as entregas fisiológicas, mas também mentais.
No decorrer dos anos, observa-se que a nutrição vem evoluindo no que tange informações e acessibilidade, transcendendo o arquétipo do alimento ser ou não ser saudável e ser julgado com “bom ou ruim” gerando sentimento de culpa ao lugar do prazer em comer. O olhar apenas para o fator biológico pode gerar desconexão com a percepção da fome e saciedade, e assim faz-se necessário a educação nutricional acerca do comportamento alimentar, trabalhando o ser humano e suas práticas como um todo.
Além da evolução de acessibilidade, o sistema de produção de alimentos e globalização de economias têm gerado impacto nas práticas alimentares populacionais, tornando-as modificáveis de acordo com todo cenário. Com as práticas culinárias o contexto não é diferente, observa-se mudanças desde a escolha de alimentos, o modo de preparação e a comensalidade.
As mudanças socioculturais impactam a rotina familiar e todo contexto nela inserida, o que inclui a alimentação, hábitos, saberes, contextos e realizações. Dentro do panorama contemporâneo nota-se que cada vez mais as famílias não conseguem realizar as refeições de forma conjunta por diversos motivos pessoais ou profissionais e assim, o distanciamento social proveniente do comer se torna cada vez maior. Ademais dos comportamentos de interação social, a chegada das telas também favorece o cenário descrito anteriormente pois na atualidade cada vez mais vê-se a ‘sede’ do uso de televisões e celulares durante o comer, o que gera distração.
Durante os três últimos anos houve uma preocupação maior em reaver tais laços e afetos decorrente da pandemia COVID-19 onde o distanciamento social levou muitas famílias a partilharem mais tempo de forma conjunta e identificarem a importância de pequenos rituais como sentar-se e comer à mesa. Outras práticas como mindful eating (comer consciente) e a busca pelo Comfort food têm sido buscadas e aplicadas afim de reestabelecer vínculos e trabalhar o comportamento alimentar.
Deste modo, a alimentação abrange não só o ato de se nutrir, mas sim um conjunto de hábitos, crenças e práticas capazes de gerar relações afetivas, sociais, interpessoais e de mundo. E, para resgatar a essência do Comfort food o que você acha de preparar hoje uma das nossas receitas disponíveis no Portal? Junte a família e seu suplemento VITAFOR® favorito e vem viver bem!
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Referências:
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MIRELA BORGES GARCIA
Nutricionista pela Universidade Paulista e Analista de Projetos Vitafor Science