Quais os mecanismos da saciedade?
Alimentação e nutrição são fatores complementares constituindo parte da base para promoção de saúde, qualidade de vida e cidadania do ser humano. Nos últimos anos viu-se mudança considerável no padrão alimentar que corroborou com a crescente no excesso de peso da população. Atualmente, o desequilíbrio entre o balanço energético seja via respostas hipotalâmicas ou até mesmo via sistemas cerebrais de “recompensa” pode impactar o consumo alimentar além das necessidades fisiológicas, contribuindo para o excesso de gordura corporal sendo que o balanço energético esteja positivo de forma constante, ou seja, a ingesta de alimentos excedendo seu gasto.
Buscar a identificação fisiológica da relação entre fome e saciedade é compreender as interligações de fatores diversos como hormônios do trato gastrointestinal, neurotransmissores, feedbacks, regulação do eixo-bidirecional e outros.
No hipotálamo (em sua maioria), determinadas regiões são responsáveis pela regulação dos mecanismos de fome e saciedade. Como todo processo fisiológico, este mecanismo é complexo e envolve nesta jornada órgãos, células, neuropeptídeos, hormônios e a comunicação entre o eixo intestino-cérebro.
Correlacionando o mecanismo de fome e saciedade com o percurso do alimento desde o seu consumo, podemos pensar em inúmeras ações para que haja sinalização completa desde a chegada do alimento ao estômago promovendo a distensão gástrica, até sua passagem ao intestino e secreção hormonal de grelina, leptina e demais incretinas.
A grelina é um hormônio responsável por informar ao hipocampo que o estômago, seu principal órgão de produção, está vazio (estando com seus níveis elevados em períodos de jejum). Este hormônio age de forma antagônica à leptina, produzida pelos adipócitos e tem como uma de suas ações a inibição da grelina, atuando a favor da saciedade. Outros participantes deste processo como Peptídeo YY (PYY) e o peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1) agem inibindo o apetite e regulando à saciedade a longo prazo. Sendo assim, o desequilíbrio e desregulação entre os hormônios são capazes de refletir na homeostase energética do corpo.
Dentre toda perspectiva fisiológica dos mecanismos de ação de fome e saciedade alguns pontos devem ser reforçados afim da melhor compreensão do tema e utilização na prática clínica do profissional: A leptina embora um hormônio secretado pelos adipócitos, tende a sua ação diminuída em indivíduos com altas taxas de gordura devido à resistência periférica; O eixo-bidirecional entre cérebro e intestino é diretamente associado com o padrão de microbioma do paciente e deste modo, a oferta de probióticos e/ou prebióticos como linha SIMFORT® da Vitafor pode ser vista como prática complementar para indivíduos disbióticos; A compreensão dos mecanismos de ação de fome e saciedade compreende além dos fatores físicos, também os sociais e ambientais que podem interferir no balanço energético.
Dados todos descritivos, cabe ao profissional a avaliação de forma individual entre paciente e seu ambiente de inserção para que seja estabelecida a conduta adequada respeitando estímulos internos e externos que garantam equilíbrio e percepção dos mecanismos de fome e saciedade.
Referências:
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MIRELA BORGES GARCIA
Nutricionista pela Universidade Paulista e Analista de Projetos Vitafor Science