Ciclo circadiano e pele. Qual a relação?
O termo ciclo circadiano diz respeito a ritmos fisiológicos, metabólicos e comportamentais de 24 horas do corpo. Ele é controlado pelo “relógio mestre” do corpo chamado de núcleo supraquiasmático (SCN), localizado no hipotálamo e influenciado pelo ambiente e principalmente pela luz. A glândula pineal é responsável pela secreção de melatonina, que possui papel importante na regulação da homeostase circadiana. Os níveis de melatonina geralmente são altos durante o período noturno e reduzidos no diurno.
Enquanto o corpo possui um relógio circadiano central, órgãos específicos, como a pele, contêm osciladores circadianos periféricos que regulam processos locais. Os osciladores periféricos são compostos por proteínas específicas com padrões de expressão regulados ao longo do dia.
A pele é o maior órgão do corpo humano, contém células que estão em constante renovação e é capaz de desenvolver diversas funções para o organismo, principalmente oferecendo proteção contra microrganismos patogênicos, danos mecânicos, substâncias tóxicas, perda excessiva de água, eletrólitos e outras substâncias. Além de fornecer a proteção fisiológica contra radiação UV.
Além do SCN, responsável pelo controle circadiano do corpo humano, a pele possui seus próprios ritmos biológicos, influenciados por genes circadianos, expressos em queranócitos, melanócitos e fibrobástos dérmicos que impactam a função circadiana do SCN. Os dois principais genes circadianos da pele são Circadian Locomotor Output Cycles Kaput (CLOCK) e Period1 gene (Per1).
As variações circadianas são capazes de influenciar inúmeras propriedades da pele que incluem alterações de medidas de perda de água transepidérmica (TEWL), proliferação de queranócitos, fluxo sanguíneo, temperatura da pele, PH, produção de sebo e hidratação. Estudos apontam que há maior permeabilidade da pele durante a noite, impactando assim a hidratação e consequentemente observa-se que TEWL é aumentado de forma proporcional a expressões de AQP3.
A melatonina, secretada pela glândula pineal tem papel importante na homeostase circadiana. Os níveis de melatonina costumam ser altos a noite e baixos durante o dia, além disso, são reduzidos de forma aguda perante a exposição à luz o que impacta a produção de melatonina secundária e inibição de feedback. Estudos relacionam a melatonina a crescimento do cabelo, cicatrização de feridas, antioxidante e supressor de dano Ultravioleta (UV).
Folículos pilosos humanos também sofrem alterações circadianas bem como expressam genes como CLOCK, Period1 e BMAL1, modulando seu ciclo mesmo na ausência de entrada do SCN. Estudos apontam que ao silenciar os genes Period1 e BMAL1 o conteúdo de melanina do folículo piloso foi aumentado, sugerindo que os genes do relógio circadiano têm papel na pigmentação e seu direcionamento pode impactar positivamente o tratamento de distúrbios de pigmentação do cabelo.
Além do impacto nas propriedades da pele citadas acima, vê-se que a privação do sono através de transtornos como apneia e insônia, resultam em alterações importantes no sistema imune, que podem ser mediadas pela atividade do eixo EPA e/ou do sistema nervoso simpático.
Deste modo, vê-se que o sono impacta em diversos sistemas do corpo humano e acima de tudo, o cuidado à pele deve ser multifatorial, ou seja, dependente de inúmeros processos que envolvem desde equilíbrio alimentar, prática de atividades físicas, manejo de estresse e assim como descrito aqui, também de uma boa qualidade de sono. E como descansar faz bem, a VITAFOR oferece dois produtos com melatonina em sua fórmula: Sleepfor e Melatonina!
Referências:
1. Camilion J V, Khanna S, Anasseri S, et al. (August 04, 2022) Physiological, Pathological, and Circadian Factors Impacting Skin Hydration. Cureus 14(8): e27666. doi:10.7759/cureus.27666 / 2. GAWKRODGER, D. J. (2002). Dermatology: an illustrated colour text. Edinburgh, Churchill Livingstone. / 3. Lyons AB, Moy L, Moy R, Tung R. Circadian Rhythm and the Skin: A Review of the Literature. J Clin Aesthet Dermatol. 2019 Sep;12(9):42-45. Epub 2019 Sep 1. PMID: 31641418; PMCID: PMC6777699. / 4. OLIVEIRA, R. E SANTOS, D. (2011). Sistemas Transdérmicos. In: Souto, E. B. e Lopes, C. M. (Eds.). Novas Formas Farmacêuticas para Administração de Fármacos. Porto, Edições Universidade Fernando Pessoa, pp. 152-153. / 5. Palma, Beatriz Duarte et al. Repercussões imunológicas dos distúrbios do sono: o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal como fator modulador. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2007, v. 29, suppl 1. Epub 15 Aug 2007. ISSN 1809-452X. https://doi.org/10.1590/S1516-44462007000500007. / 6. PEREIRA, Danyella Silva; TUFIK, Sergio; PEDRAZZOLI, Mario. Moléculas que marcam o tempo: implicações para os fenótipos circadianos. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 31, n. 1, p. 63-71, mar. 2009.
MIRELA BORGES GARCIA
Nutricionista pela Universidade Paulista e Analista de Projetos Vitafor Science