Evidências científicas sobre o fator protetor da melatonina. O que há de novo?
A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é um importante hormônio sintetizado pela glândula pineal e sua secreção ocorre exclusivamente à noite, com início cerca de 2 horas antes do horário habitual de dormir e atinge níveis plasmáticos máximos entre 3 e 4 horas, dependendo do cronotipo da pessoa. A exposição à luz durante o período noturno inibe a produção de melatonina de forma aguda, mesmo quando pensamos em intensidades moderadas de luz, como a luz presente nas casas.
Este hormônio, além de regular os ritmos biológicos (ação cronobiológica), também exerce ação imunomoduladora (agindo sobre linfócitos e citocinas), anti-inflamatória (inibindo prostaglandinas e regulando a COX-2), antitumoral (inibindo mitoses e suprimindo a recaptação do ácido linoléico, regulando assim receptores de estrogênio) e antioxidante (regulando pró-oxidantes envolvidos na síntese do óxido nítrico e lipoxigenases).
A rotina moderna, o trabalho em turnos, viagens constantes (jet lag), privação de sono, entre outros fatores em conjunto com o advento da luz e tecnologia, que nos permite aumentar o tempo de exposição a luminosidade e, de forma artificial, fazer o “dia durar mais”, levam a perda da percepção dos ritmos internos e externos do corpo. Essa dessincronização interna do sistema circadiano é conhecida como cronodisrupção e ocasiona um menor controle sobre a saciedade, alteração do metabolismo glicosídico, alterações da microbiota intestinal, distúrbios metabólicos, pode provocar insônia, irritabilidade, ganho de peso, acúmulo de gordura abdominal, entre outros.
Além da síntese pela glândula pineal, a melatonina também pode ser produzida em outros órgãos, como o pulmão e sua capacidade em sintetiza-la é estimada por um índice de expressão gênica denominado MEL-Index.
De acordo com Markus, R. P. et al. (2021) em estudo publicado na revista Melatonin Research constatou-se que a melatonina produzida no pulmão pode exercer ação protetora frente ao SARS-CoV-2, atuando como uma espécie de “barreira” impedindo a infecção pelo vírus, o que justificaria algumas pessoas não serem infectadas ou terem o vírus detectado por exame, mas não apresentarem os sintomas característicos. No presente estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), foram avaliados 212 genes envolvidos na entrada do vírus em células humanas, tráfego intracelular, atividade mitocondrial e processo de transcrição e pós-tradução e com isso, criou-se uma assinatura fisiológica da COVID 19. Baseado nessa análise, foi encontrada uma relação negativa entre o índice MEL-Index e a infecção por SARS-CoV-2, isto é, índices mais altos do MEL-Index estão relacionados com maior dificuldade de entrada do vírus nas células, menor infecção viral e ativação do sistema imunológico.
Em outro estudo, também publicado na revista Melatonin Research, Cardinali, D. P. et al. (2021) propõe o uso de melatonina como um adjuvante para aumentar a eficácia da vacinação contra SARS-CoV-2. Isto porque, a melatonina aumenta as células T CD4 + do sangue periférico e as células B que expressam IgG, aumentando a resposta imunológica às vacinas, concluindo-se que a administração de melatonina aumentaria a potência da resposta imune, bem como a duração da imunidade induzida pela vacina, além de também prevenir os efeitos adversos da vacinação devido às suas propriedades antioxidantes e imunomoduladoras.
Mais estudos científicos são necessários para comprovar a relação entre ingestão oral de melatonina e a proteção contra o SARS-CoV-2, porém, tendo em vista que esse hormônio é sintetizado a partir da conversão de triptofano em serotonina, de serotonina em N-acetilserotonina e desta em melatonina, pensar em prover o substrato necessário para essa síntese pode ser uma opção interessante para os indivíduos que desejam aumentar a produção de melatonina. Além de alimentos fontes de triptofano, a suplementação é uma forma prática de consumir este aminoácido.
O Sleepfor é um suplemento da Vitafor em cápsulas que fornece alta concentração de triptofano (525mg por porção), substrato indispensável para a produção endógena de melatonina, auxiliando no sono e bom humor de seu paciente e contribuindo para uma resposta imune adequada.
Referências Bibliográficas:
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